Antes de falarmos das garrafas, vamos citar rapidamente a proteção que as mesmas recebem em seu gargalo, para desmistificarmos esse tema que está diretamente ligado as garrafas.

A proteção que as garrafas recebem no gargalo é chamada de cápsula. O material da cápsula também deve ser observado, pois pode ser um dos indicadores da qualidade do vinho

CÁPSULA DE CHUMBO: usada em vinhos finos, de qualidade. Proporciona maior proteção e torna a garrafa esteticamente mais elegante, porém é mais cara para o produtor e não impede possíveis contaminações.

CÁPSULA DE ALUPOLI: mais barata que a de chumbo e usada em vinhos intermediários e mais comuns

CÁPSULA DE PLÁSTICO: usada em vinhos de mesa, tem baixo custo para o produtor, porém pode sofrer variação com o calor e o aspecto visual não é dos melhores

“LACRE” DE CERA: usada em alguns vinhos finos, de qualidade. São mais comuns na Europa

Sobre as garrafas, decidimos ter um tópico para falarmos delas, pois afinal de contas o acondicionamento do vinho é essencial para a bebida, além das questões industriais, comerciais, visuais, etc…

É sabido que o fragmento de vidro mais antigo registrado na história é um amuleto de um faraó do Egito (Antef II de 2133 – 1991 a.C.). No entanto somente em meados de 1600 surgiram de fato as garrafas de vidro específicas e mais resistentes para acondicionar e transportar vinhos. Antes disso as garrafas de vidro serviam apenas para levar o vinho das barricas de carvalho para a mesa no momento do consumo. É importante lembrarmos que antes das garrafas de vidro, o vinho era acondicionado em ânforas e bolsas feitas com couro de animais.

Na produção atual, a garrafa de vidro tem uma tonalidade amarelo palha assim que esfria.Para se obter as garrafas coloridas é necessário agregar colorantes tanto para obter um vidro verde (cromo) quanto para obter um vidro branco/transparente (manganês) durante o processo.

Abaixo temos exemplos de alguns tipos e tamanhos das garrafas que atualmente são utilizadas para vinhos

1-Formato tradicional da garrafa de espumante, que é mais espessa para suportar a pressão; 2- Modelo clássico da região de Bordeaux, mais alongado; 3- Recipiente de estilo comum na Borgonha, mais largo; 4- Forma recorrente nos Vinhos Fortificados (ex: Porto); 5- Vinhos brancos alsacianos devem ser engarrafados no modelo flûte.

1- Meia Garrafa; 2- Padrão 750 ml; 3- Magnum 1,5L; 4- Jeroboam 3L; 5- Matusalém 6L;

6- Salmanazar 9L; 7- Baltazar 12L; 8- Nabucodonosor 15L.

Existe um mito, onde colecionadores de garrafas grandes ( maiores de 3 Litros) dizem que o frescor do vinho se mantêm por muito mais tempo quanto maior é a garrafa, no entanto não tem nada que prove isso cientificamente. Segundo o Dr. Celito Guerra, enólogo pesquisador da Embrapa do Rio Grande do Sul.

“Nenhuma pesquisa séria até hoje foi capaz de dizer que um vinho armazenado em uma garrafa de 3 litros (Jeroboam) fica melhor no decorrer do tempo do que um armazenado em uma garrafa de 750 ml (padrão)”

No entanto em leilões, as safras especiais em garrafas Magnum (1,5 Litro), são vendidas a preços exorbitantes e a disputa pelos colecionadores é enorme pois eles acreditam que devido à menor área de contato entre a rolha e o líquido e ao maior volume de vinho que ocupa uma garrafa especial, o vinho envelhece mais devagar e desenvolve maior complexidade.

Em relação aos formatos das garrafas que citamos, muito pouco mudou nos últimos 100 anos. As pequenas mudanças que ocorreram foram decorrentes da busca por embalagens que gerem um menor impacto ambiental e pela adaptação do gargalo para receber a tampa de rosca (srewcap – ver o tópico rolhas).

No Brasil, as garrafas mais pesadas ainda são tidas como sinônimo de um vinho com melhor qualidade, mas isso é apenas uma percepção do consumidor. Assim como as garrafas transparentes e mais alongadas que são a preferência das mulheres. Essas percepções são muito importante para as vinícolas, na hora de decidir quais as garrafas que serão utilizadas para cada tio de vinho. Se fossem considerados apenas as questões técnicas, os vinhos brancos (ex: Sauvignon Blanc) ou roses não seriam colocados em garrafas brancas transparentes e sim em garrafas escuras que os protegeriam da luz, mas o mercado consumidor responde muito melhor às garrafas transparentes para esses tipos de vinhos

Alguns formatos de garrafas são indicadores da região ou do tipo do vinho. Por exemplo na Alsácia existe uma lei que exige que os vinhos sejam engarrafados em garrafas do tipo flutê

Para os espumantes, as garrafas precisam ter paredes mais espessas e concavidade no fundo para suportarem a pressão

Quanto ao fundo da garrafa de vinho ser chato ou côncavo, existe aqui um outro mito onde os vinhos que possuem garrafa com fundo chato são vinhos de menor qualidade. Isto não é uma regra, pois o “furo” no fundo da garrafa tem a função de suportar a pressão quando a garrafa é acondicionada nas caves para envelhecimento, onde as garrafas ficam empilhadas uma sobre as outras. Portanto se o vinho não for um vinho de guarda ou que necessite de um amadurecimento antes de ir para o mercado, de fato não faz sentido ter o fundo côncavo . Uma segunda utilidade do fundo côncavo, é no momento de servir o vinho onde o dedo é apoiado no furo da garrafa proporcionado maior apoio nas mãos. (mas o furo não existe com este propósito). Resumindo, existem vinhos bons e ruins em garrafas de fundo chato e côncavo

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